O MANÍACO POR VEÍCULOS E MARCAS



Na pracinha da cidade de Aimorés (Interior de Minas Gerais), dois velhos amigos de infância se encontram e começam um dedinho de prosa:

Brito: Olá! Sr.Santana, como é que vai tudo bem?

Santana: Tudo bem Brito. Quantum tempo que a gente não se encontra hein!...

Brito: È Santana, já se vão bons anos. E você, parou com a mania de ficar só pensando e falando em veículos e marcas?

Santana: Aí é Ford, já vem ossê me amolar com essas conversas. Eu já falei cossê mais de Mille vezes que eu não gosto disso.

Brito: E você já se casou?

Santana: Sim, já tenho até um filho.

Brito: Oh! Que bom. E como se chama?

Santana: Willis Medeiras Santana. E puxou o pai, joga um bolão. È um Gol atrás do outro. E tem mais é forte igual um Trator Agrale. E ossê Brito onde está morando?

Brito: Estou morando na cidade de Santa Luzia, próximo a Belo Horizonte nossa capital mineira.

Santana: Ah! Brito, cada um tem um destino e uma forma de viver, mas eu prefiro ficar aqui na nossa terrinha. Em capital é uma vida muito agitada a gente mal Dôblo a esquina vem um vagabundo e te leva a carteira. Ossê lembra do Jorge filho do Sr.Duca Carroceiro?

Brito: Sim tinha o apelido de Jorge pitôco.

Santana: È aquele mesmo. Casou com a Mercedes aquela que a molecada chingava de cara chata. Um dia fui brincar com ele me dei com os burros n’águas ela apelou feio.
Para ela ficar mais calma eu disse: Pode ficar calma Mercedes que eu não Clio problema.

Brito: Santana, você tem notícia de Roberto?

Santana: Roberto, aquele outro amigo seu? Estava morando próximo ao antigo campo de casqueiro. Atualmente mora lá no alto da ABB (Associação do Banco do Brasil). Pobre Roberto,a esposa foi tentar a vida nos Estados Unidos e penhorou a casa.Acabou perdendo o imóvel e está morando de aluguel.
È o que eu sempre digo parecia uma canoa furada Renault, Renault e nunca saiu do lugar. Se fosse um buraco no mar com certeza ia ficar a Meriva.

Brito: Santana? E os times de futebol daqui de Aimorés ainda estão treinando normalmente como o cruzeiro do meu padrinho Noé,o ferroviário,o comercial,o botafogo e também a ponte preta?

Santana: Ah! Ossê não faz Idea, não sei o que deu na diretoria mas acabaram com todos os times.

Brito: E você já aposentou?

Santana: Já, mas sempre quando dá oportunidade faço uns bico de motorista de ônibus escolar. Quando tem algum especial para fazer mas que tem que viajar a noite eu salto fora, passo para outro companheiro. Não gosto de ir porque os farol me Fusca as vista. Desde o dia que passei o maior aperto vindo de Brasília eu falei: Nunca mais.

Deixa eu te contar. Eu tava com vários amigos da Bêsta do meu patrão,é ele é muito metido. Folgado igual colarinho de paiaço. Não tem nada a ver com o seu Tipo. E lá tava eu metendo a butina no buzú já era mais ou menos umas três horas da madrugada,ou invés dele ir drumí ficou andando no corredor pra lá e pra cá fazendo a maior Siena, tirando a maior Honda.

Brito: Santana? Não querendo te interromper mas interrompendo vamos dar uma molhadinha na garganta lá no Bar Aimorés?

Santana: Vamos, mas só se for agora. Demorou!...

Ao Chegarem no Bar Aimorés...

Brito: Puxe a cadeira meu amigo e se assente.O que você quer tomar?

Santana: Pode ser uma dosinha daquela lá das banda da Penha Capim.Mas bem lá da parte Rural.

Brito: E comer,o que você quer como tira-gosto?

Santana: Bom!...Se não for abusar dossê Brito pode ser uns dois lambari frito e um torresmo. Mas ossê num vai bebê nada?

Brito: Claro que vou. Um refrigerante. Mas você estava dizendo que o seu patrão estava fazendo a maior cena e tirando a maior onda na viajem?

Santana: È vai, e por sinal uma Strada muito bonita. E continuou o falatório:
Que o filho dele é um homem que tem Stilo, que é Kadett da aeronáutica,que antigamente só andava de Cadilac, que o motorista num ta pisando fundo no acelerador,que o ônibus ta parecendo aquelas Jardineiras de mil novecentos e burrachinhas e pro fim Brito eu num guentei meu amigo.
Joguei o ônibus pro acostamento.
Nessas altura já era umas seis horas da manhã. Por pouquinho, pouquinho que num saía regaçando um carro de boi todo rapaz. Mas num gosto nem de lembrar ia vuá caco de boi pra tudo quanto era lado. Pisei no feio tão forte que uma véia vizinha dele chamada Marea Mercedes deu um vuadô tão grande que ela tava sentada na cadeira de número 40 ela veio parar cá na cadeira de número 25. A dentadura dela ficou garrada no encosto de cabeça da poltrona e só ficava gritando: Don co to?..Pon co vô?
       
Nesta altura de dedinho de prosa, Brito já estava até com dor debaixo da costela de tanto rir.

Brito: Santa? Vamos chegar?
Santana: Peraí só um pouquinho Brito, já to cabano.
Aí,não deu outra.O patrão começou a me chamar a atenção.
Pintou e Bordeaux dizendo: Você esta ficando maluco Santana?
Quase que você mata todo mundo homem?
Santana: Vem Ka dôtore. Eu sei que sou o Uno que dirige esta Jardineira como o sinhôre mesmo disse e que não sou Palio prô sinhôre,mas quem começo mesmo.
Oia,vamo fazer o seguinte?
Vamos Logus seguir Voyage que é muito mío. Quando eu comecei a manobrar o ônibus para pegar a Strada novamente passou um cara numa Veraneio gritando:
Oh!Seu filho de uma vaca tira esta porcaria da frente.Aí,meu sangue taiou novamente. Eu coloquei a cabeça para fora e também gritei: Oh! Seu muleque vem Ka, volta aqui que Fiat a mão na cara.
Meu patrão,vendo que eu ainda tava nervoso PeugeotPeugeot para que eu passasse o volante do ônibus para ele mas eu disse: Pode ficar tranqüilo que já,j á vou acalmar, Opala ou eu vou ter um Trem. Mas felizmente nós chegamos tudo inteiro.

Brito: Santana? Tem um gatinho próximo ao seu prato querendo roubar seu peixe.
Santana: Jeep gato, Jeep.
Oia, vou te dar só um pedacinho, faz de conta que é um Prêmio.

Brito: Você vai muito à cidade de Baixo Guandú? E aquele caminhozinho por trás do campo do Ferroviário já ficou pronto?

Santana: Bom!... Em Baixo Guandú vou muito pouco, ia mais vezes quando minha velha mãe Conceição tava no hospital. Pegava a Perua do sinhorê Chico emprestada e recolhia o pessoal.
Quanto aquele caminhozinho que era na verdade uma Variant virou um Caminhão, ta tudo asfaltado

Brito: Bom para você que ficou bem mais rápido para chegar a cidade.

Santana: Bom para mim não,bom Parati porque eu não tenho carro?
Só se eu apelar para a minha bicicleta.
E por falar em carro Brito ossê ainda ta com aquele Voyage azul?

Brito: Não,na época estava morando em Guaraparí no Espírito Santo e o troquei numa Kombi para ir com o meu irmão biológico(Wilson)trabalhar com turismo na tríplice fronteira(Brasil,Paraguai e Argentina).

Santana: Brito? Oia discretamente pêlo seu ombro esquerdo lá no fundo, que acabou de entrar saltitando igual uma Corsa. Ela é tão descarada que nem a barba e os cabelos das pernas raspou direito.

Brito: Santana!...Santana!.. você não tomou jeito mesmo,qualquer dia desses você vai se dar muito mal.

Santana: Mais é verdade uai! Não tem um velho ditado que diz que quando alguém fala a verdade não merece castigo. Antão.

Brito: Existe. Mais não fica cutucando onça com vara curta.

Santana: Aquele lá de onça ou corcel passou muito longe. Tá mais para gazela. É uai. Hum...Megane que eu gosto. Brito? E ossê ta trabalhando com que lá em Santa Luzia?

Brito: Depois que eu trabalhei na Cia Acesita em Timóteo/MG de 1977 a 1993 corrí um bom trecho.Como já lhe disse fui para Guaraparí no Espírito Santo,Foz do Iguaçu no Estado do Paraná onde trabalhei de motorista de Kombi e guia turístico transportando sacoleiros onde tive oportunidade de obter grande experiência de vida como: cultura, clima, idioma, usos e costumes do povo paraguaio e argentino. Mas atualmente estou trabalhando como porteiro no bairro Sion num edifício de classe alta em Belo Horizonte.

Santana: Uhm!...Como é que ele num tá gente! Edifício de classe alta,que Elegance. Aposto que o pessoal de lá prefere como esporte jogar Polo ou Golf do que chutar a gordinha.
Xsara!...deixei cair gordura na toalha da mesa. Ossê pega um paninho pra eu Passat. Ok,muito obrigado.
Brito? Ossê ta quereno voltar que dia para a capital?

Brito: Amanhã a tarde,pois tenho que pegar serviço depois de amanhã bem cedinho.

Santana? Não repara não companheiro que eu tenho que dar um pulinho lá na casa do meu irmão João Batista. Sára? Ver para mim quanto ficou a conta por favor?Obrigado.


No dia seguinte...

Brito chega à estação para comprar a passagem.Como faltavam vinte minutos para a chegada do trem se dirigiu até o Bar Aimorés para comprar umas balas. Ao sair do caixa deu de cara com o amigo. Ele mesmo,Santana em pessoa.

Brito: Ah! Não acredito!...

Santana: Pois pode acreditar Uai! Comodoro por demais o amigo não queria que pegasse a Strada sem me despedir Uai!... É como um bom fotógrafo não pode perder o Focus. E por falar em fotógrafo...

Brito?
Oia que Avião passando na calçada. É muita areia para o meu Caminhão, da até para dançar um Twister. E pode vim que eu já Topic.
Brito? E as suas férias do ano que vem ossê vai vim dar um pulinho aqui na terrinha de novo?
Se vier vamo fazer a maior Fiesta.

Num precisa nem responder vai conhecer a terra dos Pampa.

Após mais alguns minutos de prosa ouve-se um longo apito e tilintar de sino. É o trem que estava chegando na estação.

Santana: Hiii!... Brito já tá encostando.

Brito: Vamos correr, se eu perder Citroen estou ferrado.

Ao chegarem na estação depararam com a maior confusão na porta do trem para embarcar,o maior empurra empurra . E Santana com receio do amigo ficar para trás...

Santana: É Brito, num vai ter jeito não companheiro! Vamo ter que encará.

E Santana entrou no meio do povão dizendo:


Karman, Karman guia sô conduto até o carro D.

O condutor pergunta:

D de dado senhor?

Ele responde mais que depressa:


É claro que não !

D de Dodge Dart.

Enfim, como diz o ditado:

Entre mortos e feridos salvaram-se todos. Santana despediu-se do amigo dizendo:
Brito, vai com Deus que ele te acompanhe por onde ossê for.
E saiu do vagão ficando do lado da janela na plataforma.
O trem apita informando a partida.Se arranca bem devagarinho tilintando o sino.
Brito coloca a cabeça pro lado de fora e diz para o amigo:
Estarás comigo onde quer que eu vá.
Só lhe digo uma coisa Santana:
Esta sua mania pega.
E lá foi o trem sumindo na curva.

Texto de Carlos Brito (meu pai, rsrs).



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